Deborah Colker traz espetáculo inspirado em Stravinsky e mitos ancestrais a Natal
- Tainan Cruz
- 19 de set.
- 3 min de leitura
Espetáculo “Sagração” será apresentado nos dias 14 e 15 de outubro no Teatro Alberto Maranhão com narrativa coreográfica que une música erudita, mitologias indígenas e ritmos brasileiros

Natal recebe nos dias 14 e 15 de outubro, às 20h, no Teatro Alberto Maranhão, o mais recente espetáculo da Companhia de Dança Deborah Colker: Sagração. Combinando a obra revolucionária de Igor Stravinsky a ritmos brasileiros e cosmogonias indígenas, a montagem propõe uma releitura coreográfica ousada de A Sagração da Primavera e celebra 30 anos da companhia em uma trajetória marcada por inovação, experimentação e emoção. Os ingressos custam entre R$ 25,00 e R$ 120,00, com meia-entrada para diversas categorias e audiodescrição disponível em todas as sessões.
A montagem é apresentada pelo Ministério da Cultura, Petrobras e Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com produção local da Idearte Produções. A versão dirigida por Deborah Colker estreou em março de 2024, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e chega a Natal como parte de uma turnê nacional.
Entre o erudito e o ancestral: dança como elo da criação
“Sagração” é resultado de dois anos e meio de pesquisa e criação. A diretora Deborah Colker, também pianista de formação, explica que sua versão da obra de Stravinsky nasce a partir da cosmovisão dos povos originários do Brasil. A inspiração veio de uma viagem ao Xingu, durante o ritual do Kuarup, onde conheceu aldeias indígenas Kalapalo e Kuikuro. Lá, foi apresentada ao cineasta Takumã Kuikuro, que narra, durante o espetáculo, a história sobre como o povo do chão recebeu o fogo do Urubu Rei.
“Quando decidi recontar esse clássico, pensei que teria de ser a partir da cosmovisão de povos originários do Brasil”, afirma Deborah. “Stravinsky foi responsável por pontos de ruptura e provocação entre o erudito e o primitivo. A Sagração da Primavera representa esses pontos de evolução da humanidade.”
A peça propõe ainda um mergulho na mitologia judaico-cristã, com passagens do Gênesis sobre Eva, a serpente e Abraão, revisadas sob a ótica de rupturas e descobertas humanas. Com assessoria do rabino e escritor Nilton Bonder, esses elementos ganham nova força em uma dramaturgia que conecta fé, ciência e ancestralidade. “Tudo só poderia ter começado com uma mulher. Uma avó. A avó do mundo”, pontua Deborah.

Ritmos brasileiros e sonoridades da floresta
Para além da música erudita, o espetáculo introduz elementos da cultura sonora brasileira à partitura de Stravinsky. Coco, afoxé, boi bumbá e samba se unem a instrumentos indígenas como maracá, caxixi, flauta de madeira e paus de chuva, criando um ambiente sonoro inédito. Os próprios bailarinos interagem com os instrumentos ao vivo, mesclando movimento e percussão.
A direção musical é assinada por Alexandre Elias, que, ao lado de Deborah, criou uma fusão entre a orquestra clássica e a força pulsante da cultura popular brasileira. O cenário é composto por 170 bambus de 4 metros de altura, desenhados por Gringo Cardia, que simbolizam resistência e flexibilidade.
Poética do corpo e da transformação
Em Sagração, a dança é metáfora para a evolução da vida e da consciência. Há cenas que representam bactérias, herbívoros, quadrúpedes e o Homo sapiens sapiens, numa dramaturgia que une ciência e espiritualidade. “A versão mais recente da nossa espécie é a Homo sapiens sapiens que, assim como outros seres, precisa se adaptar constantemente”, explica Deborah.
O elenco da Companhia de Dança Deborah Colker dá corpo a essas transformações, entregando uma performance que extrapola os limites da coreografia para dialogar com as questões existenciais da humanidade.
Companhia de Dança Deborah Colker: 30 anos de inovação
Fundada em 1994, a Companhia de Dança Deborah Colker soma mais de duas mil apresentações em mais de 100 cidades de 35 países. Com um público estimado em 4 milhões de pessoas, a companhia é reconhecida internacionalmente por seu estilo inovador e pela fusão entre diferentes linguagens artísticas.
“Durante esses anos, assistimos e participamos de muitas transformações na cultura, na política e na economia. Chegamos até aqui porque temos este espírito de evolução, que é um tema muito precioso para o novo espetáculo”, comenta João Elias, diretor executivo da companhia.
Serviço
Espetáculo: Sagração – Companhia de Dança Deborah Colker
Datas: 14 e 15 de outubro de 2025 (terça e quarta)
Horário: 20h
Local: Teatro Alberto Maranhão – Praça Augusto Severo, s/n – Ribeira, Natal – RN
Ingressos: De R$ 25,00 a R$ 120,00 – Vendas online
Classificação indicativa: 10 anos
Descontos: 50% para trabalhadores da Petrobras e Instituto Cultural Vale, mediante apresentação de crachá funcional (válido para até dois ingressos)
Acessibilidade: Audiodescrição disponível em todas as sessões
Atenção: Espetáculo contém luzes intensas e efeitos que podem afetar pessoas com epilepsia ou sensibilidade à luz
Ficha técnica
Criação, direção e dramaturgia: Deborah Colker
Direção executiva: João Elias
Direção musical: Alexandre Elias
Direção de arte: Gringo Cardia
Dramaturgia: Nilton Bonder
Figurinos: Claudia Kopke
Desenho de luz: Beto Bruel
Fotografia: Flávio Colker
Produção local: Idearte Produções
Assessoria de imprensa Natal: Wender Gomes – POSS Comunicação











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